sábado, 7 de janeiro de 2012

A transferência

Tida como elemento fundamental da cura analítica, a transferência caracteriza a relação do analisando com o analista. Constitui um processo de atualização dos desejos inconscientes: um afeto se desloca de uma representação para outra e a pessoa do analista pode ser o objeto, tomando o lugar de uma das figuras implicadas no complexo de Édipo. O sujeito é levado a repetir em sua vida, assim como no processo de análise, novas edições de tendências, de fantasmas, cuja primeira edição infantil foi recalcada.

Lacan vai dizer que a transferência é a encenação do inconsciente. É simultaneamente o motor da cura e, em sua vertente imaginária, uma resistência. A transferência põe em jogo as representações (os significantes), mas também a dimensão de um Real que torna insuficiente o termo contratransferência, designando os diversos efeitos do paciente sobre o analista, para distinguir o que se passa na cura. A transferência e a contratransferência induzem a uma concepção simétrica, por demais imaginária, do liame entre o analisando e o analista. 

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